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quarta-feira, 14 de abril de 2010

IRMÃOS VILAS-BOAS

42 ANOS DE UMA LUTA EM FAVOR DOS VERDADEIROS DONOS DO BRASIL




Os Irmãos Vilas-Boas, Orlando (1914-2002), Cláudio (1916-1998) e Leonardo Vilas-Boas (1918-1961), foram importantes sertanistas brasileiros.



O mundo estava em plena Segunda Grande Guerra, falava-se até na declaração de uma alta autoridade européia que teria proposto ocupar os vazios do Brasil Central com as populações excedentes da Europa, já que a tônica da guerra era o espaço vital. Isso serviu para que tomasse vulto os planos de mudança da capital do país, localizada numa cidade litorânea, como era o caso do Rio de Janeiro, para o Brasil Central.

Assim, pode-se dizer que uma série de fatores ensejou a Marcha para o Oeste, todos relacionados com o contexto beligerante de então.


Expedição, década de 1940.Orlando, Cláudio e Leonardo tomaram parte desde as primeiras atividades da vanguarda da Expedição Roncador-Xingu criada pelo Governo Federal no início de 1943 com o objetivo, então, de conhecer e desbravar as áreas mostradas em branco nas nossas cartas geográficas. O índio apareceria, mais tarde, diante da Expedição como um "obstáculo".

Posteriormente foram designados chefes da Expedição. Em face disso foram acelerados todos os trabalhos em andamento, possibilitando assim que fosse vencida a grande e difícil etapa Rio das Mortes - Alto Xingu. A segunda etapa, ainda mais longa Xingu - Serra do Cachimbo - Tapajós, deixou no roteiro uma dezena de campos de pouso. Alguns desses campos - Aragarças, Xavantina, Xingu, Cachimbo, e Jacaréacanga, foram mais tarde transformados em Bases Militares e em importantes pontos de apoio de rotas aéreas nacionais e transcontinentais pelo Ministério da Aeronáutica. Outros campos intermediários como o Kuluene, Xingu, Posto Leonardo Vilas-boas, Diauarum, Telles Pires e Kren-Akôro, tornaram-se Postos de assistência aos índios.

Leonardo, Cláudio e Orlando foram os principais idealizadores e participaram do grupo integrado pelo marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, Heloísa Alberto Torres – então diretora do Museu Nacional, Café Filho - então vice-presidente da República, brigadeiro Raimundo Vasconcelos de Aboim, Darcy Ribeiro e José Maria da Gama Malcher - diretor do Serviço de Proteção aos Índios, que, pleiteou ao presidente da República a criação do Parque Nacional do Xingu. A criação desse parque visava preservar a fauna e a flora ainda intocada da região, assim como, principalmente, resguardar as culturas indígenas da área. Dessa reunião também participou o médico sanitarista Noel Nutels.


Orlando e Cláudio Vilas-boas.Como decorrência dos esforços envidados pelos irmãos Vilas-boas e pelo auxílio das personalidades citadas, foi criado, em 1961, o Parque Nacional do Xingu, a mais importante reserva indígena das Américas.

No que tange à fauna e à flora, a reserva procuraria guardar para o Brasil futuro um testemunho do Brasil do Descobrimento, considerando-se a descaracterização violenta pela qual vem passando as nossas reservas naturais. Ali, a reserva mostraria ao Sul os últimos descampados e cerrados do Brasil Central - para através de uma transição busca, mostrar ao Norte, com toda a exuberância, a Hiléia Amazônica caracterizada pelas seringueiras, cachoeiras, castanheiras e as gigantescas samaumeiras.Por fim, cabe registrar que no roteiro das Expedição Roncador-Xingu, órgão da vanguarda da Fundação Brasil Central, em toda a sua extensão entre os Rios Araguaia e Mortes, Mortes e Kuluene (região da Serra do Roncador), Kuluene-Xingu (abrangendo extenso vale), Xingu-Mauritsauá (cobrindo ampla região do Rio Teles Pires ou São Manuel, alcançando, ainda, a encosta e o alto da Serra do Cachimbo, nasceram mais de quarenta municípios e vilas, quatro bases de proteção de vôo do Ministério da Aeronáutica, dentre as quais se destaca a Base da Serra do Cachimbo.


A permanência efetiva dos irmão Vilas-boas na área do sertão foi de 42 anos.

Declínio da política indigenista
Depois de 45 anos defendendo a política indigenista, nascida da experiência do grande humanista Marechal Rondon, de que o índio só sobrevive na sua própria cultura, foi dispensado através de comunicação por fax do órgão do qual foi um dos fundadores: Fundação Nacional do Índio, a Funai. O fato causou grande reação da opinião pública, principalmente por cartas de leitores publicadas nos mais importantes jornais do Brasil.

Leonardo, o mais jovem, faleceu em 1961, Cláudio, o mais estudioso faleceu em 1998 e Orlando o mais velho faleceu em 2002.


Espalhados em pequenos grupos por este imenso País, destituídos da pujança do passado, perseguidos e incompreendidos ainda pela grande maioria da população CIVILIZADA os indios não passam de diminutas "ilhas humanas" cercada de inimigos de todos os lados. (irmãos Vilas-Boas)

Um comentário:

Nuxx disse...

Luis,

Seu blog é maravilhoso, está de parabéns!
achei um comentário do Claudio Vilas Boas que achei maravilhoso...
“Se achamos que nosso objetivo aqui, na nossa rápida passagem pela Terra, é acumular riquezas, então não temos nada a aprender com os índios. Mas se acreditamos que o ideal é o equilíbrio do homem dentro de sua família e dentro de sua comunidade, então os índios têm lições extraordinárias para nos dar.” Cláudio Vilas-boas