MARKITO
Uma das mais brilhantes personalidades do mundo da moda brasileira no início dos anos 80. Marcos Vinicius Resende Gonçalves, mineiro de Uberaba, tornou-se o primeiro nome famoso do país a ser vítima da Aids. Em Nova York, para onde ele seguiu à procura de tratamento e veio a falecer, foi noticiado no New York Post, em manchete de primeira página e letras garrafais: TOP DESIGNER DIES OF AIDS. Viajando em companhia da mãe, Markito, em vez de se internar imediatamente no hospital conforme determinação médica, no domingo, 29 de maio, preferiu primeiro levá-la para conhecer a cidade, num passeio de limusine. Na segunda-feira, saiu para fazer compras.
Passavam-se dias e nada do estilista resolver-se pela internação. Na quarta-feira, saiu com a mãe e mais uma amiga para jantar. No dia seguinte, foi levado de ambulância para o Hospital Belevue e morreu no sábado de madrugada. Não costurava para si, preferindo o jeans, que usava como um uniforme de todos os dias. Tinha uma incrível resistência física para os acontecimentos noturnos, apesar de trabalhar das 9 da manhã às 9 da noite. Era capaz de dançar durante seis horas em seguida e ninguém conseguia acompanhar seu pique. Atendia as encomendas em seu ateliê de São Paulo, duas casas geminadas e de discreta aparência, na região dos jardins.
Quando viajava para o Rio, ocupava a suite de um hotel e atendia mais de 30 clientes por dia. Realmente, Markito destacou-se na alta costura, vestindo Simone, Gal Costa, Vanusa, Ney Matogrosso, Sonia Braga e Marília Pêra. Para os figurinos de 'Rio Babilônia', Neville d'Almeida recorreu ao seu talento.
Com l50 empregados, entre bordadeiras e secretárias, vendia 300 vestidos por mês, geralmente para a noite, de tafetá, seda ou jérsei, cobertos de miçangas e paetês. Nascido numa fazenda em Uberaba, Markito desenhava vestidos já nos tempos de grupo escolar e fez fantasias para uma escola de samba de sua cidade. Ao comunicar à família seu desejo de ser costureiro em São Paulo, o jovem espalhou uma onda de pânico na fazenda de gado que o avô deixou para o pai, os quinze tios e mais de 100 primos que por lá viviam em várias casas. Houve uma reunião familiar para deliberações sobre o tema e Markito foi mandado a um psiquiatra de Uberaba. No psiquiatra, porém, encontrou um aliado e logo depois partia com as bênçãos da mãe.
Desembarcou em São Paulo, aos 18 anos, com uma mala cheia de vestidos para vender, certo de que de roupas entendia muito bem. Eram as primeiras peças com a assinatura Markito e a mala esvaziou em poucos dias, num prenúncio do que iria ocorrer nos anos seguintes. Deu os primeiros passos paulistas numa oficina de costura de uma butique, conquistou o sucesso e voltava à fazenda de Uberaba pelo menos uma vez por mês, para saborear a comida mineira feita pela mãe e galopar em cavalos como fazia na nfância. Morreu aos 31 anos, em 4 de junho de 1983
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
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